Leitura para além dos olhos
(Frank Smith)
Você sabia que não vemos tudo que está diante de nossos olhos? E que não vemos nada imediatamente? Isto acontece porque é necessário algum tempo para que nosso cérebro decida sobre o que os olhos estão olhando e uma habilidade essencial para a leitura é depender o menos possível dos olhos. Logicamente os olhos têm um papel a desempenhar na leitura, e para lermos precisamos de alguma informação e recebemos as informações impressas, ou seja, informações visuais, obviamente através dos olhos.
Para que possamos fazer uma leitura, precisamos de outros tipos de informação que também são necessários, incluindo uma compreensão da linguagem relevante, conhecimento do assunto e certa habilidade geral em relação à leitura. Todos esses outros tipos de informação podem ser agrupados e chamados de informação não-visual, esta informação já está em sua mente, atrás dos olhos, sendo que qualquer pessoa precisa já ter certo tipo de informação em sua mente para ser capaz de ler.
Há uma relação recíproca entre as informações, então podemos dizer que:
Quanto mais informação não-visual você tiver quando estiver lendo, menos informação visual você precisará.
Quanto menos informação não-visual você tiver quando estiver lendo, mais informação visual você precisará, ou seja, quanto mais você souber, menos você precisará descobrir.
Normalmente acreditamos que podemos ver tudo o que está diante de nossos olhos, também é comum acreditarmos que a visão é instantânea, que nós percebemos os objetos e acontecimentos no momento em que colocamos nossos olhos neles. E certamente tendemos a pensar que são os próprios olhos os responsáveis pelo que vemos.
O que vemos é a interpretação de acúmulos de impulsos nervosos, sendo assim é o cérebro que vê; os olhos simplesmente olham. Incidentalmente, o fato de que os olhos saltam em volta quando examinamos uma cena ou objeto ajuda a reafirmar que você vê com o cérebro, não com os olhos.
A leitura acaba por depender mais do que está atrás dos olhos, da informação não-visual, do que da informação visual que está diante dele. Quando confiamos demais na informação visual sobrecarregamos nosso cérebro e causamos assim a visão de túnel, quando somente algumas poucas letras são vistas de cada vez ao invés de frases inteiras, sendo que a visão de túnel tem grandes possibilidades de ocorrer quando a leitura não tem significado para o leitor ou quando o leitor está ansioso para não cometer erros. Nem uma maior atenção no texto nem o aumento da velocidade de fixação tornarão a leitura mais eficiente ou a sua aprendizagem mais fácil.
(Cristiane Queiroz)
Referências: Smith, Frank Leitura significativa / Frank Smith; Trad. Beatriz Affonso Neves. - 3. ed. - Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda.,1999.
Referências: Smith, Frank Leitura significativa / Frank Smith; Trad. Beatriz Affonso Neves. - 3. ed. - Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda.,1999.
Comentários
Postar um comentário